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Altas aspirações

Trecho abaixo foi retirado do site do Trigueirinho. A despeito de quaisquer críticas que vocês queiram pensar (e que com certeza, nunca me diriam) sobre um texto desse tipo, leiam. Espero que valha algo, pois para mim, vale, é tudo que eu sempre acreditei e defendi.

5. Permita que a compaixão aflore em seu ser. Isso nada tem a ver com envolvimentos ou demonstrações emocionais. A compaixão é a compreensão da real necessidade de outrem, a união com a essência dos seres. É algo a ser vivido, e não descrito ou discutido.

6. Faça de sua vida externa um reflexo, o mais fiel possível, das suas mais altas aspirações. Ações abnegadas repercutem de maneira benéfica e indescritível em toda a aura do planeta e evocam os elementos positivos, latentes e manifestos, dos reinos da natureza. Pratique-as, e pouco a pouco você conhecerá uma alegria transcendente.

O quanto sou egoísta?

Não, a pergunta não se refere a mim. Mas a cada um dos visitantes que, por ventura, caírem aqui.

Hoje vim pensando nisso.

Um exemplo simples. Eu pego trem todos os dias para chegar até o trabalho. Que opção rápida e penosa e impossível de trocar! Quem depende deste meio de transporte, sabe o que quero dizer.

Me ocorreu que tanto homens como mulheres -- compreendendo o grau de cansaço de cada um, a quantidade de horas dormidas, rotina do dia a dia etc. -- adoram se apoiar. Se me ocorrer de querer transportar essa metáfora para outros limites, vou lembrar daquele jargão usado com frequência: "Que o mundo acabe em barranco para eu morrer encostado".

Mas, o que eu realmente quero dizer com "adoram se encostar". Quero dizer que as pessoas não podem ver um canto que estão encostadas. Isso, dentro de um meio de transporte megalotado como o trem, é algo impraticável. Porém, as pessoas, em seus egoístas pontos de vista, adoram privatizar balaústres como se fossem o sofá de sua casa.

Ok. Quem chegou primeiro "tem esse direito". Desculpa ridícula, mas até engolível. O que não é engolível de forma nenhuma é quando o trem lota e as pessoas, na ausência de um balaústre, encostam-se umas nas outras. Mais especificamente: em mim.

Assim, o que eu vejo: homens -- que se esfregam em mulheres -- assim, têm onde se encostar E ainda aproveitam a oportunidade de covardemente sarrar numa mulher. Mulheres -- que se esfregam em postes, num contido desejo de ser dançarina de boate, -- que se encostam em outras mulheres, porque é "permitido", já que encostar em homens seria parecer "dada" demais.

Pífio.

As pessoas deveriam respeitar o espaço alheio mínimo. Numa condução hiperlotada, é compreensível que todo mundo se grude. Mas, quando há espaço, não vejo outra interpretação além de que as pessoas são egoístas, folgadas e taradas.

Nesses momentos (como foi hoje, por exemplo), eu respiro fundo e me imagino em um campo verde, com pássaros e céu azul. Utopia para o dia a dia. Recôndito necessário para a mínima sobrevivência.