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A mulher do metrô

Metrô é um dos cenários caóticos para quem anda de condução em São Paulo. Isso todo mundo já sabe. Mas, o que as pessoas às vezes não percebem, é que é possível criar poesia mesmo em meio ao contexto mais inimaginável. Pois é.

Metrô Barra Funda, quase oito horas da manhã. Enquanto esperava o próximo trem chegar, reparei numa oriental (que obviamente não sei dizer se era japa, chinesa ou coreana...). Muito bonita, muito atípica... que chamou a minha atenção. Ela era linda e eu simplesmente não conseguia parar de olhar para ela.

Ela, por sua vez, tinha um olhar distraído. Fiquei imaginando no que ela estaria pensando. Mas a sua beleza, que não sei porquê, era a única coisa que sobressaía... E isso porque nem acho as orientais bonitas. E ela também não é o meu modelo de beleza feminina. Mas, ali, ela me encantou.

Todos entraram, ela ficou mais perto da porta e eu fiquei num local estratégico em que poderia observá-la, sem ela perceber. Trocamos um breve olhar. Eu continuei a observando e ela continuou distraída. Ela realmente era muito bonita, imaginei que fosse mestiça, pela "constituição física"... e eu não conseguia parar de olhar para ela.

Um pouco antes de chegar na estação Anhangabaú, eu sentei. Fiquei com a visão mais privilegiada ainda e continuei observando-a. Ela desceu. E eu não parei de observá-la sair, colocar a blusa (ela estava apenas com uma camisetinha, mesmo no frio...) e subir as escadas rolantes. O metrô fecha as portas e parte. E ela, da escada rolante, olhar para a minha direção. Para mim? Não sei... mas esse último olhar trocado e essa suposta cumplicidade me deixaram sorrindo até a estação seguinte, onde desci.

Tenho algumas historinhas assim, retiradas desse cotidiano caótico que é viver em São Paulo. Esta será uma daquelas que eu nunca mais esquecerei...

Um comentário:

Ana Caroline disse...

Sua história parece muito com uma que aconteceu comigo justamente hoje de manhã. Estava com duas amigas e vi uma garota linda sentada com mais duas mulheres mais velhas, e houve essa troca de olhares, onde instantâneamente quis saber ao menos o nome dela, mas ela já desceu apenas uma estação depois que eu entrei, e me deixou assim, com a imagem dela na minha mente, e a lembrança daquele olhar que tocou o meu. Acho que casos assim são muito comuns, infelizmente.