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E sobre o livro que li...

... não direi o nome agora, porque ainda está no prelo. Futuramente, eu falo!
(este post é continuação do post de ontem. Leia aqui)

A questão toda que o livro aborda acabou me custando uma leitura demorada, mas necessária. Fiquei pensando na premissa mais básica: se um autor escreve um livro assim, é porque tem muita gente que lê. E se uma mulher (sim, é uma autora) pensa assim e muita gente lê, é porque muita gente pensa assim! Não dá para ser mera curiosidade. No Brasil, a literatura não se dá esse luxo.

Aí, eis que tenho lido uns textos que falam sobre a sexualidade da mulher, que é muito reprimida. E fico pensando: muito interessante, morarmos no Brasil, o "país do sexo" vendido de bacia em cada esquina... e as mulheres têm problema para chegar ao orgasmo. Era pra ser fácil? Ou era pra ser mais simples?

Aí eu penso em alguns emails que recebi e algumas briguinhas bobas que tive nos últimos meses. Não consigo deixar de pensar em uma única coisa apenas, que acabou interligando todos esses assuntos: mulher é mesmo um bicho muito complicado!

No entanto, não deixo de considerar que a mulher ajuda, mesmo me parecendo uma literatura tão pobre quanto a de um forçado livro de autoajuda. Ela escreve bem? Escreve! Tem boas intenções? Tem. Mas, para mim, ela comete um erro que algumas pessoas cometem: ajuda quem não quer ajuda. E insiste em reforçar certos conceitos de que precisamos viver sem parâmetros.

Sou uma seguidora de leis? Não. Mas sou seguidora de bom senso. Conheço muitas mulheres que vivem sem parâmetro e me parecem pessoas assim como ela: vendo a idade avançar, com farpas na língua, resposta pra tudo, mínimos detalhes para criticar e pré-estabelecer o que é certo ou errado. Ops?! Eu cometo esse mesmo erro muitas vezes, não escapo do problema. A questão é: você vive sua vida assim, agora espalhar que é melhor viver assim?

É sempre perigoso colocar todo mundo na baciada da generalização, como também é perigoso polarizar. Ela se dá a "auto-licença" por ser escritora de crônicas? Sinto muito, isso para mim é uma licença poética fajuta mascarada para fazer autoajuda.

Talvez tudo isso tenha sido apenas resultado pelo fato de eu ter odiado a leitura do livro. Se ela cortasse 90% dos textos e deixasse alguns irônicos, críticos de política e cultura, seria um excelente livro. Mas ela mistura uma autoajuda sem-vergonha com supostas crônicas que não vi graça nenhuma. Parece uma Marie-Claire meio Nova lapidada com ares de literatura. A mim, não engana.

ps: ainda voltarei ao tema das pessoas que vivem sem parâmetro e que pregam parâmetros aos quatro ventos.