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A necessidade da culpa

De uns dias para cá, me peguei pensando no lance da culpa que as pessoas precisam sentir. Elas propagam a culpa. Todos somos culpados por alguma coisa, direta ou indiretamente. Fora as culpas que jogamos nas pessoas para aliviar as nossas próprias e, assim, ignorantemente, pensar que estamos numa corrida com revezamento, em que passamos o "bastão" da culpa para outra pessoa para chegar na frente de outras pessoas? Como assim? Pára... e pensa um pouco.

Nossa sociedade tem muito incutida na cabeça a ideia generalizada e mal-interpretada da ação e reação.  E, se você erra, seja cometendo um erro para si próprio ou em detrimento de outrem, carregar "a culpa" parece uma forma muito manquitola de falsa caridade querendo mostrar às pessoas que "sim, sou culpado, me chicoteiem, porque pequei."

Esse "culpado" sente prazer em sentir culpa. Claro que ele não raciocina dessa forma, mas em suma é assim que ele pensa. Lembrar com lamúria das coisas erradas que ele fez e não consegue fazer diferente. Pedir constantemente desculpas e perdão (outra atitude manquitola) mas sem -- de fato -- transformar o sentimento em ação. Ou, se agir, pensar que agindo assim, as pessoas têm a obrigação de dar-lhe o óleo do perdão, porque ele é humildemente assumiu seus erros.

As pessoas, cada vez mais, estão perdidas em seus pensamentos. Envoltas em muitas névoas de confusão, pré-conceito, preconceito, autojulgamento e falsa caridade.

Estou dizendo isso, porque tenho convivido muito com a questão da "culpa". E, conversando com as pessoas, não consigo simplesmente expor a ideia de que culpa não serve para nada, nem como cicatriz para te lembrar do que aconteceu um dia. A culpa é um veneno poderoso e perigoso, que mata silenciosamente. O ideal é transformar a "culpa" em ação direta. Primeiro -- antes de TUDO -- para si mesmo. Porque quem não se perdoa, não é capaz de perdoar a ninguém. Segundo, lembrar-se de que todos somos seres errôneos, aprendendo na mesma escola. Ninguém é melhor que ninguém, em nenhum sentido, NUNCA.

Portanto, querido leitor, antes de culpar alguém ou de se autoculpar, pense: ninguém é melhor que ninguém, isso é coisa da SUA cabeça. Reflita com o coração.

Um comentário:

Yasmin disse...

Muito bom, estava cá pensando na culpa que tenho sentido por ser uma adúltera (termo um tanto quanto cristão e pesado), e até que ponto já não me perdoei? Até que ponto arrasto esse sentimento e releio minhas antigas promessas de fidelidade (que eu na época achava que podia arcar e cria em mim de verdade) e me auto-flagelo...será que realmente me arrependi? Antes de relatar a traição eu me auto-justificava e seguia, pois pra mim amor e algo passageiro podem sim conviver, acho que o fato de expor a questão e ver o mal que fiz, me obrigou a me sentir mal.